domingo, 27 de abril de 2008

Dia da Empregada Doméstica

Hoje, 27 de abril, é comemorado o dia da empregada doméstica. Dedicada à padroeira das domésticas e santa protetora do lar: Santa Rita.

Confira o perfil destas auxiliares do lar:

Brasil:
-5 milhões de empregadas domésticas;
-1,3 milhão têm carteira assinada;

Salário médio:
- 70,92 % ganham até R$ 400,00 por mês;
- 4,61% ganham menos de um salário mínimo, o que não é permitido pela legislação.

Número de dias trabalhado:
- 28,42% têm apenas um dia de folga por semana;
- 43,79% têm dois dias de folga por semana;
- 2,95% não têm folga. Trabalha os 7 dias por semana, o que não é permitido pela legislação.

Férias e 13º salário:
- 6,09% não tiram férias;
- 55,34% recebem o 13° salário em atraso;
- 7,76% nem recebem o 13° salário.Deslocamento casa x trabalho:
- 10,56% residem no local do trabalho;
- 35,92% utilizam uma condução para ir trabalhar (só ida);
- 38,73% utilizam duas ou mais conduções para ir ao trabalho (só ida).

Idade das empregadas domésticas:
- 1,58% têm até 15 anos de idade, o que não é permitido pela legislação;
- 63,69% têm entre 16 e 35 anos de idade.

Escolaridade das empregadas domésticas:
- 14,43% são sem nenhuma escolaridade;
- 49,25% têm o ensino fundamental (antigo1°grau) incompleto;
- 1,49% está cursando ou cursou ensino superior (faculdade).


Fonte: www.empregadadomestica.com.br

sábado, 26 de abril de 2008

As empregadas domésticas estiveram presentes no jornal “Folha de São Paulo” desta semana (24/04/2008 – quinta-feira). A reportagem fez uma análise dos dados publicados pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) que mostram a situação atual de trabalho e perfil das domésticas no Brasil.
Confira aí a matéria na íntegra:


De cada cem negras trabalhadoras no Brasil, 22 são empregadas domésticas, diz OIT
Da redaçãoEm São Paulo

De cada cem mulheres negras ocupadas no Brasil, aproximadamente 22 são empregadas domésticas. Nas mulheres brancas, amarelas e indígenas, o índice é de 13 a cada cem.

Os dados estão no estudo inédito divulgado nesta quinta (24) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), elaborado a partir da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No dia 27 (domingo), comemora-se o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica.

Essas trabalhadoras domésticas negras estão ganhando mais registro na carteira de trabalho: 17,2% de aumento, entre 2004 e 2006. Esse movimento das negras acompanha o crescimento da formalização no setor, que foi de 10,2%, no mesmo período.

Apesar disso, somente 27,8% do total de trabalhadores domésticos têm carteira assinada, segundo dados de 2006.

Apesar disso, somente 27,8% do total de trabalhadores domésticos têm carteira assinada, segundo dados de 2006. O trabalho doméstico conta com 6,6 milhões de pessoas no Brasil. Desse total, 93,2% são mulheres e 6,8%, são homens. Ele representa 16,7% do total da ocupação feminina no Brasil, o que corresponde, em termos numéricos, a 6,2 milhões de mulheres.

Entre os não-registrados, as trabalhadoras negras correspondem a 57,5%. As mulheres não-negras são 37%. Os homens não-negros são 2,1%; e os negros somam 3,4%.

Entre as mulheres negras que são trabalhadoras domésticas, 75,6% não têm carteira assinada. Esse percentual é de 69,6% entre as mulheres não-negras. Entre os homens, o índice é de 61,9% (negros) e 54,9% (não-negros).

Segundo o documento da OIT, isso demonstra "de maneira inequívoca que, mesmo em um campo tradicionalmente feminino e em uma situação de extrema precariedade, as mulheres, e em especial as mulheres negras seguem em situação mais desfavorável do que os homens".

Analisando-se o período de 1995 a 2006, destaca-se ainda a diminuição da diferença de rendimentos. Em 1995, as mulheres negras recebiam o equivalente a 55,4% dos rendimentos dos homens brancos. Em 2006, essa diferença cai, apesar de continuar bastante elevada: as mulheres negras passam a receber 66,4%.

Os rendimentos das mulheres brancas, em 1995 e em 2005, equivaliam a 64,5% e 75,5% dos rendimentos dos homens brancos respectivamente; para os homens negros, os valores eram 69% e 87,3% respectivamente dos rendimentos dos brancos.

Para a OIT, isso significa que, "mesmo em um setor ainda bastante precário do mercado de trabalho, as desigualdades de gênero e raça reproduzem a lógica do mercado de trabalho mais amplo: os homens brancos seguem tendo os maiores rendimentos, seguidos dos homens negros e, por fim, das mulheres brancas e negras, nesta ordem".

A lei brasileira define o trabalho doméstico como aquele realizado por pessoa maior de 16 anos que presta serviços de natureza contínua (freqüente, constante) e de finalidade não-lucrativa à pessoa ou à família em sua casa.

Mais informações sobre esta pesquisa?
http://www.oitbrasil.org.br/

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Entrevista com Doméstica

Maria Isabel Beluzi Silva


Maria Isabel Beluzi Silva― conhecida por Bel― é uma empregada doméstica muito conhecida pelas patroas vizinhas do bairro onde trabalha. “Sou conhecida pelas patroas por indicar empregadas”,conta Bel animada, “Conheço muitas mulheres que trabalham como domésticas e que estão desempregadas. Então sempre indico para quem me pede ajuda”, conclui. Isabel conta que sente felicidade ao indicar uma de suas colegas, porém ressalta que só indica mulheres de confiança.
Bel se define como uma mulher religiosa, mãe coruja e muito atenta aos problemas de sua família.
Aos 48 anos, Isabel revela que se dedica, e muito, a casa em que trabalha. “Faz seis anos que trabalho para esta família, me esforço muito para atendê-los”.
Apesar de dispor de muita energia física, a dupla jornada de trabalho pesa no fim do dia, e a única maneira que Isabel encontra para se distrair é através da tevê.


Empregada doméstica...

Isabel diz que ser empregada doméstica é ser uma segunda dona de casa, afinal na própria casa faz o mesmo serviço, a diferença é que na casa do patrão se compre ordens determinadas por ele. Apesar de se esforçar no trabalho diário, Isabel revela: “Não escolhi ser empregada doméstica” conta, “Mas como não tenho estudo, não posso escolher muito” concluí.


Cotidiano...


Isabel conta que seu dia começa cedo. Por volta das cinco da manhã se levanta para preparar a marmita de almoço do filho e do marido, que saem para trabalhar e não voltam antes das sete da noite para casa. Em seguida coloca a casa em “ordem”, lava roupa e faz o café da manhã. Quando o relógio aponta sete horas, Bel pega a bicicleta, seu meio de locomoção diário, e se dirige ao trabalho onde fica até as seis da tarde.
No final do dia apesar de estar esgotada, prepara o jantar e lava a respectiva louça.
Após esta dura jornada, Isabel quer descansar e se distrair, o meio que usa para isso é a televisão. “ Gosto de assistir as novelas que passam as nove horas” diz empolgada, “ No momento assisto Duas Caras” concluí.

Você se sente retratada nas novelas.....

Isabel conta que gosta de ver personagens domésticas nas novelas, mas na verdade nunca viu uma personagem com a qual se identificou.
Na maioria das vezes as empregadas das novelas têm como uniformes vestidos curtos e justos, Bel conta que vê dois erros nisso. O primeiro é que não se recorda de ter visto alguma doméstica na vida real que usasse uniforme, “ Acho que as empregadas usam a roupa que querem e que acham mais confortáveis” diz Bel. O segundo erro visto por ela é que nem um vestido de trabalho poderia ser tão curto ou justo, pois além de ser desconfortável é “vulgar”.
Não concorda com as personagens domésticas que se metem na vida intima do patrão, pensa que deve existir uma distância entre a vida pessoal do patrão, da vida profissional da empregada doméstica, não pode misturar as duas coisas, pois segundo Isabel, é uma falta de respeito.
Na novela que assisti, Duas Caras, Isabel acha as duas empregadas domésticas mulatas muito bonitas (Sabrina e Andréia Bijou) e repara que elas sempre estão “bem arrumadas”: usando maquiagem e cabelos sempre perfeitos,
“Acho praticamente impossível trabalhar tão bem arrumada como as novelas representam” ressalta. Isabel termina questionando as personagens domésticas, diz que gostaria de se identificar com alguma, pois desta forma se sentiria mais próxima da trama.

Preconceito....

Isabel diz que se já sofreu algum tipo de preconceito relacionado à sua profissão, este passou despercebido, pois nem ao menos se lembra.

Hummm, não gosto de....

Isabel foi muito rápida ao responder sobre a questão da atividade doméstica que não gosta de cumprir, “Limpar o coco da cachorra” diz enojada.



quinta-feira, 10 de abril de 2008

ENTREVISTA COM EMPREGADA DOMÉSTICA

Perfil e história de vida
Rosa Maria Fernandes é uma empregada doméstica como tantas outras, mas há particularidades em sua história de vida e de trabalho que a diferenciam das restantes. Rosa tem 41 anos, é uma mulher religiosa, evangélica, divide as responsabilidades e despesas da casa com um marido, que é motorista de caminhão, e trabalha pensando no futuro de sua única filha. Na casa de Rosa o orçamento é apertado, a filha de 20 anos já trabalha, para ajudar nas despesas, e mesmo assim, no final do mês, sempre falta alguma coisa! Rosa deixa transparecer no olhar sua força, dignidade e as marcas de uma vida que já se mostrava difícil logo cedo. Aos quatro anos, Rosa já foi confrontada com a dura realidade da vida quando sua mãe morreu e seu pai a abandonou, deixando-a aos cuidados da tia. As coisas nunca foram fáceis para Rosa, ela estudou apenas até a 6º série e, para ajudar no orçamento familiar, começou a trabalhar aos 13 anos como babá. Depois de um tempo neste primeiro trabalho, iniciou sua trajetória como empregada doméstica.

Ser empregada doméstica é...
Rosa gosta muito da sua profissão, diz que esta tem “altos e baixos” e deve ser valorizada, como qualquer outra, não ignorada e desrespeitada pela maior parte da população, como acontece freqüentemente.
Ser empregada doméstica não é fácil e Rosa não gosta do tipo de patrão que fica muito "em cima", perturbando, dando opinião em tudo que a empregada faz. Ela gosta de trabalhar tranqüila. Na visão dela, as coisas devem funcionar de uma maneira muito simples, a patroa explica o serviço que deve ser feito e Rosa o fará da melhor maneira possível, desde que, tenha a liberdade e conte com o respeito que deve existir por parte do patrão em relação ao trabalho das empregadas domésticas.

Como cuidar dos problemas da sua casa, quando se passa o dia, resolvendo problemas na casa do patrão(a)?
Um dos grandes desafios enfrentados pelas empregadas domésticas é o fato de cuidarem de duas casas, duas famílias, duas realidades - a sua e a do patrão. Na casa de Rosa, o serviço sempre fica pra depois, ela dá prioridade àquilo que deve ser feito na casa da família para a qual trabalha. Como diz Rosa, na sua casa é tudo uma bagunça, uma loucura!

O que mais gosta e o que menos gosta na sua profissão?
É difícil encontrar alguma empregada doméstica que goste de passar roupa e Rosa não é diferente, ela gosta mesmo é de cozinhar e lavar roupa já que agora, com a máquina de lavar, ficou tudo mais simples e prático.

Vida cultural e empregadas domésticas construídas pela mídia - realidade ou fantasia?
A mídia, sem dúvida alguma, construiu uma nova identidade para as empregadas domésticas e com essa nova identidade, surgiram também muitos estereótipos que acabam mostrando uma empregada doméstica falsa, distante da realidade. Rosa não tem uma vida cultural muito ativa, ela não gosta muito de ler e prefere acompanhar as notícias pelos telejornais, diz não assistir muitas novelas, mas acaba vendo um pouco de tudo e tendo contato com algumas empregadas da mídia. Ela diz que o modelo de empregada doméstica retratado é muito distante da sua realidade. Rosa conta que, durante o trabalho, é impossível a empregada se manter linda, impecável, mesmo porque, ela tem que se esforçar e suar muito para fazer o serviço bem feito. Rosa também destrói o estereótipo da empregada com total liberdade, que interfere na vida do patrão e se sente na obrigação de dar a sua opinião. Ela conta que já trabalhou em uma casa onde tinha certa liberdade, mas enfatiza o fato de que as empregadas têm que conhecer seus limites, saber usar a liberdade que eventualmente lhes é dada, e nunca confundir serviço com inclusão no ambiente familiar do patrão. Para Rosa, se ela fosse "intrometida", como alguma empregada doméstica das novelas, já estaria demitida faz tempo!

Preconceitos na profissão...
Rosa é uma empregada que já viveu, como ela mesmo cita, os altos e baixos de sua profissão. Ela conta que quando ainda era muito jovem, em um de seus primeiros empregos, sentiu-se vítima de um preconceito infundado. Ela era colocada para almoçar no quintal, em uma mesinha, depois que todos da família já tinham almoçado na cozinha, não almoçava dentro de casa em hipótese alguma. Essa atitude para ela era algo muito humilhante, indigno de sua profissão e do seu trabalho, afinal, Rosa passava grande parte do dia resolvendo problemas para a patroa e esta nunca soube reconhecer o valor do seu trabalho e o tamanho de sua dignidade. Nas palavras de Rosa, ela se sentia como sendo portadora de uma doença contagiosa, como se não pudesse ser tratada com respeito, apenas com diferença. Sem dúvida, para Rosa, isso é uma falta de consideração com as pessoas e ela tem certeza de que não deveria ser assim.

Um exemplo de mulher!
Rosa não é submissa, nem tampouco, aceitou muitas das humilhações de que foi vítima no decorrer de sua trajetória como doméstica. Ela soube respeitar o seu trabalho mas nunca esqueceu de se respeitar acima de tudo. Não hesitou em se demitir quando uma patroa lhe disse de forma grosseira e desrespeitosa que ela havia limpado um tapete de qualquer jeito.
Rosa é uma mulher simples, mas é tão grande quanto a sua dignidade e, sem dúvida nenhuma, representa muitas de nossas “super-mulheres”, aquelas que arranjam tempo para pensar não só nos seus problemas, mas também nos problemas dos outros, amam aquilo que fazem, mas não esquecem de amar a si mesmas!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Domésticas na telinha - Parte 3



A terceira personagem a ser mostrada neste tópico, é totalmente diferente das já abordadas porque se trata de uma mulher de meia-idade, sem atrativos físicos e sem o intuito de agradar seus patrões, pelo contrário, usa de chantagem para obter benefícios através deles. Em 1988, Marília Pêra interpretou a personagem Juliana da minissérie “O Primo Basílio”, baseada no livro de Eça de Queiroz. Isto nos mostra que os clichês se fazem presentes também na literatura do século XIX.



Domésticas na telinha - Parte 2



O segundo estereótipo analisado se parece com a personagem abaixo. É Ritinha, interpretada por Juliana Paes, na novela “Laços de Família” de 2000/2001. Trata-se também de uma doméstica exuberante e que desperta o desejo de seu patrão. Durante a trama, há um envolvimento entre as personagens que culmina em uma gravidez no final da história. A diferença entre Rita e Sabrina é que a primeira, foge do padrão tradicional das empregadas domésticas em telenovelas, por não ser afro-descendente.



Domésticas na telinha - Parte 1

Depois de pesquisarmos algumas personagens que estereotipam as empregadas domésticas dentro do universo televisivo global - maior expoente da produção de modelos sociais – elencamos seis das quais acreditamos serem as que reúnem clichês os quais maximizam as características marcantes do cotidiano destas profissionais. Hoje trataremos em especial de três delas: Sabrina, Ritinha e Juliana.

Um exemplo de personagem que foge da realidade de vestimenta e comportamento é Sabrina, da novela “Duas Caras” da Rede Globo, interpretada pela atriz Cris Vianna. Sabrina, uma bela morena de classe baixa, que explora seu lado sensual trajando uniformes curtos e inadequados para a profissão. Vale ressaltar que ao dizermos “inadequados”, não nos referimos à questão moral e de bons costumes de nossa sociedade, mas sim do desconforto de se realizar as tarefas domésticas vestida desta maneira.